terça-feira, 8 de setembro de 2009

À Palo Seco

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
Mas ando mesmo descontente.
Desesperadamente eu grito em português:

- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês.


Composição: Belchior

quarta-feira, 22 de julho de 2009

BENDITO
Hoje vi a Adélia Prado falando no sempre um papo e recitando esse poema .
Louvados sejas Deus meu Senhor,
porque o meu coração está cortado a lâmina,
mas sorrio no espelho ao que,
à revelia de tudo, se promete.
Porque sou desgraçado
como um homem tangido para a forca,
mas me lembro de uma noite na roça,
o luar nos legumes e um grilo,
minha sombra na parede.
Louvado sejas, porque eu quero pecar
contra o afinal sítio aprazível dos mortos,
violar as tumbas com o arranhão das unhas,
mas vejo Tua cabeça pendida
e escuto o galo cantar
três vezes em meu socorro.
Louvado sejas porque a vida é horrível,
porque mais é o tempo que eu passo recolhendo despojos,
– velho ao fim da guerra como uma cabra –
mas limpo os olhos e o muco do meu nariz,
por um canteiro de grama.
Louvados sejas porque eu quero morrer,
mas tenho medo e insisto em esperar o prometido.
Uma vez, quando eu era menino, abri a porta de noite,
a horta estava branca de luar
e acreditei sem nenhum sofrimento.
Louvado sejas!
(Adélia Prado)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Poema "concretista"

Poesia em tempo de fome
Fome em tempo de poesia

Poesia em lugar do homem
Pronome em lugar do nome

Homem em lugar de poesia
Nome em lugar de pronome
Poesia de dar o nome

Nomear é dar o nome

Nomeio o nome
Nomeio o homem
No meio a fome

Nomeio a fome

Haroldo de Campos

Fábula de Millor Fernandes

O Rei dos Animais

Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: “Hei, você aí, macaco – quem é o rei dos animais?” O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: “Claro que é você, Leão, claro que é você!”.
Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: “Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão?” E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: “Currupaco… não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?”.
Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: “Coruja, não sou eu o maioral da mata?” “Sim, és tu”, disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. “Tigre, – disse em voz de estentor -eu sou o rei da floresta. Certo?” O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, rugindo contrafeito: “Sim”. E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o leão se afastou.
Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o elefante. Perguntou: “Elefante, quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor de árvores e de seres, dentro da mata?” O elefante pegou-o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e ensangüentado, levantou-se lambendo uma das patas, e murmurou: “Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado”.

M O R A L: CADA UM TIRA DOS ACONTECIMENTOS A CONCLUSÃO QUE BEM ENTENDE.

Poesia do Recital

Opostos


Há opostos que se atraem comprovadamente, o positivo e o negativo o dia e a noite, a sombra e a luz, o giz e o carvão o leite e o café. Como dizia o escritor Pedro Bandeira, somos todos muito diferentes, mas dependemos um do outro. Para vivermos não dependemos de nossas cores e sim do propósito de nossas vidas.


de Amanda Carolina Lopes do CoutoTombos - MG - por correio eletrônico
Encontrei neste blog http://sitedepoesias.com.br/poesias/35182


Dados estatísticos do IBGE, os negros são menos de 10% da população brasileira.
Inserir o negro no contexto nacional, não é uma questão de cotas racial, é um direito.
A data escolhida 20 de Novembro foi pra coincidir com a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
Desde a década de 60, o dia é celebrado, embora só agora ficando mais ampliado e participativo.
A data era comemorada no dia 13 de Maio, Dia da Abolição da Escravatura.
Comemorar a data 13 de Maio tem sido rejeitado por enfatizar a generosidade da Princesa Isabel.
O movimento negro o maior do país, organiza palestras e eventos educativos que visam principalmente ás crianças negras, procuram evitar o auto/preconceito perante a sociedade.
Nada mais justo e merecido, eu me pergunto por que só um dia no ano?
Será que o grande Zumbi não merece mais, sonhou ser livre o primeiro grito de liberdade no Brasil
Cotas universitárias, inserção do negro no mercado de trabalho, não é favor é direito e dever do estado.
Isso vem demonstrar claramente o quando o estado deve aos negros e seus descendentes, justiça social.
Entidades no Brasil afora tentam proteger os negros tentando por todos meios que se façam cumprir as leis que nos protegem.
Num país miscigenado, os chamados "pardos" que são os mestiços de negros com europeus ou índios é quase a metade a população.
Consciência só não basta tem que haver oportunidade e igualdade de condições, não pode cobrar nada de alguém se não dermos condições de fazê-los
Isso é um direito básico entre aos povos igualdade de condições, pois a vida é feita de oportunidades iguais entre os diferentes, pois todos são capazes.
Abolição da escravatura na verdade tem que ser feita todos os dias, ainda falta muita pra sermos realmente iguais principalmente perante a lei.
Não dar pra entender o porquê de um ser escravizar outro isso é uma aberração dos que dizem serem humanos.
Espero um dia acordar e vermos que realmente somos todos iguais, será que meus bisnetos ou tataranetos vão ver isso?
Garanto que esse é um
sonho possível, basta apenas aos governantes serem mais ativos e participativos e os meus irmãozinhos negros irem à luta
Resta aos homens de boa vontade
acreditar a nossa constituição que nos dar esse direito, "todos são igual perante a lei", pena que essa lei ás vezes fica no papel.
Agora nos resta dizer que se cumpra a lei, no Brasil tem disso umas leis pegam e outras não, principalmente aquela que favorece
a maioria dos brasileiros.

José Aprígio da Silva, um negro/pardo nascido em Maceió/AL em Novembro de 1959. No mesmo estado onde Zumbi sonhou com uma nação livre. Só mesmo o homem é capaz de escravizar os seus semelhantes. Viva, e mais viva pro grande Zumbi o Guerreiro que há 313 anos sonhou ser livre e com direito puro de ser livre. Hoje ainda sonhamos o mesmo sonho do grande "Guerreiro Zumbi", voar o sonho da liberdade.

José Aprígio da Silva.
Águas Linda de Goiás/GO
Sexta-feira, 14/11/08 - 16h17
Falando de Poesia

Eu quero poetar,
juntar letrinha por letrinha
conseguindo fazer rimas
para dizer que a Poesia
é tudo que tenho pra te ofertar.
Hoje é dia da poesia
Será?
Acho que todo dia é dia de poetar!
Poeto para meus amigos
porque gosto de poetar
.Poeto para a rosa em botão
até vê-lá despetalar.
Também poeto para o beija-flor,pássaro do amor...
que se alimenta do néctar das flores
que me trazem inspiração
e pousa na minha janela
para me ver poetar.
Ah! Poesia!você com rima ou sem rima
faz bater o coração de todo poeta
que vive a poetar.
Meus poetas amigos
Meus amigos poetas
Parabéns a vocêsque fazem a poesia decantar.
Soltem a poesia no ar...
Hoje é o seu dia!
(Anônimo)